Sábado, 10.04.10
O despertador toca! e ainda que me custe abrir os olhos por causa do sono e do cansaço, na minha cabeça faz-se luz! É o tão aguardado dia do retiro...talvez o mais aguardado de todos os retiros que já tive até hoje. E enquanto tento despachar-me para não chegar atrasada, um formigueiro vai-se instalando na minha barriga e a ansiedade vai crescendo.
Quando ia no carro com a Luisinha e o Hugo em direcção a Mira, juntamente com eles, tive o primeio momento de reflexão após ouvirmos um texto do Rui Santiago " Parar para ver"
Foi interessante constatar que cada um de nós se sentiu especialmente tocado por um parágrafo em particular, e ainda que tenho saboreado cada palavra daquele texto, houve algo que me captou em especial a atenção: " (...) foi o meu irmão que me mostrou que é preciso parar para ver,para ser, para saborear (...)"
E foi assim que começou a minha partilha:
As últimas semanas têm sido bastante complicadas para mim. Ando envoltra numa nuvem de stress, da qual estou a ter dificuldade em sair. Tenho estado mais em baixo, porque o meu avô está bastante doente e apesar de saber do fundo do coração que sempre fui uma boa neta, dou por mim a procurar na memória momentos em que não o saboreei como gostaria, por me deixar levar pela agitação diária que me rodeia.
E quando ontem peguei no telefone, lhe liguei e ouvi a voz dele, já arastada, mas ainda assim repleta de ternura, senti-me preenchida, alegre, triste, senti saudade...
ALEGRE porque é uma das pessoas que mais amo neste mundo e que me ajudou a tonrar-me na pessoa que sou hoje.
TRISTE pela consciência de que quando tudo estava bem não saboreava o toque, o sorriso, a voz dele tanto como gostaria.
SAUDADE de pessoas que tive e que embora estejam sempre comigo no coração já não estão fisicamente ao meu lado.
Partilhar com a Luísa e o Hugo esta inquietação que tenho andado a viver foi como uma lufada de ar fresco que me disse que ESTE RETIRO ia ser realmente especial, ia a ajudar-me a encontrar novamente forças, permitir afastar-me da agitação que são os meus dias e PARAR: "Parar para ver, para ser, para saborear" todos os que me rodeiam.
Obrigada, a todos vocês que embarcaram comigo neste Retiro e me continuam a ajudar a remar, na minha caminhada, por serem este IRMÃO que me desperta para a realidade e me faz ver, sentir e viver, tudo o que realmente merece ser vivido.
Adoro-vos a todos.
Domingo, 04.10.09
Há vezes em que até fazemos o esforço por começar um novo caminho.
Vezes há em que acabamos por dar uma volta de 360 graus na nossa vida. Isto é, voltamos ao mesmo ponto de partida.
Alguém me disse um dia que este retorno ao início é sempre preferível à paralisia que se instala em nós por entre os dias. Ao conformismo que nos corta as asas.
Uma volta é sempre mais que à “estaca zero” e a minha volta é sempre o meu caminho. Mesmo que eu o tenha terminado no preciso ponto em que o comecei, no entanto, arrisquei atalhos e confiei. Bati com a cabeça nos becos sem saída e cresci. Analisei propostas de mudança e aceitei. Perdi a vista em trilhos de horizontes desafogados e prometi-me. Entretanto, sofri e amei. De vez em quando fiz sofrer. Fui amada.
Testei-me. Experimentei-me. Descobri-me.
Aprendi-me.
E depois vem o discernimento. E a aceitação sincera do que tenho que mudar em mim. Aceitação penosa e por vezes demorada. É aquele confronto desagradável com a imperfeição. O espelho estilhaçado. A face desmascarada. Nua e Realmente Imperfeita.
E depois? Ah! Depois vem esse desejo incontido, reforçado e indomável de fazer da minha vida um círculo mais perfeito.
(Um circulo perfeitamente conciliado com Cristo Jesus.)
Pode ainda dar-se o caso de percebermos, pelo caminho, em torno de que centro gira à nossa volta. Algumas vezes o problema está no centro. Em torno do quê, gira a minha vida?
Vezes e dias há em que sinto que giro em torno de barro ao invés de girar em torno do ferro.
Vezes e dias há em que sinto que o barro do meu centro é demasiado moldável à minha falta de predisposição para o bem e demasiado ajustável ao comodismo limitativo e infrutífero da minha vida.
Às vezes falta-me a segurança e a firmeza do que é feito de ferro.
Falta-me muitas vezes uma Consciência Cristã.
Domingo, 21.06.09
Pai, mais um ano está a terminar…foi uma jornada repleta de novidade, alegria, boa nova, partilha, e muitos, muitos frutos…os nossos meninos!
Obrigada, Pai, pelas dificuldades que colocaste no nosso caminho, porque sem elas não nos aperceberíamos das coisas erradas que andávamos a fazer…, porque sem obstáculos a recompensa de todo o esforço e dedicação não seria tão gratificante…, porque foi devido a eles que nos unimos mais enquanto Comunidade e nos aproximamos cada vez mais de Ti!
Ajuda-nos, Pai, a repor energias para o ano que virá, para que estejamos de corações abertos e disponíveis para Te receber e transmitir aos outros!
Permanece junto de nós e ajuda-nos a ultrapassar todos os obstáculos com os quais nos formos deparando para que possamos crescer cada vez mais ao Teu jeito…
Domingo, 07.06.09
Os dias correm complicados: as notícias repetem infelicidades, as palavras soam azedas, os olhares fixam esquinas, as imagens cobrem-se de máscaras...
Como podemos viver a alegria que Tu nos ofereces Pai, envoltos nesta neblina?.. Como podemos sentir a carícia da Tua presença por entre as farpas das nossas circunstâncias?.. Como podemos acreditar na seara, quando o campo endurece calcado por pés sem rumo?..
Eu quero acreditar, Pai, no Teu cuidado paterno; na delicadeza com que me ofereces a graça de que preciso; na ternura com que sopras e limpas a fragilidade dos meus ramos.
Ajuda-me pai, deixa que se cale hoje a minha voz Tão cheia de falsos argumentos e razões para Te poder ver e Te saber escutar.
Terça-feira, 27.01.09
A cada dia que passa, somos atravessados
pelos limites e fragilidades de um mundo
que não é, certamente, Pai, aquele que sonhaste e sonhas para nós: afectado por guerras, por fome, por enumeras desigualdades entre povos, por egoísmo e ambição desmedida…
Mas também é verdade que
colocastes nas nossas mãos, com a Tua graça,
a possibilidade de ir fazendo de cada Novo Ano um ano melhor,
onde sintamos que vale a pena viver e ajudemos os outros a viver.
Quero pedir-te, Pai, que me ajudes a ser motor de mudança, que me concedas o dom de te anunciar a todos aqueles que entram na minha vida, de ter coragem de enfrentar o que não está correcto e procurar encontrar o lado bom de todas as coisas.
Abre, sempre de novo o meu coração,
para que – nas circunstâncias pequenas do quotidiano,
nos altos e baixos da minha vida
nas esperanças reforçadas, mas também nos momentos de desânimo
ressalte para os outros qualquer coisa do teu amor, da tua bondade, da tua força de vida.