Braços no ar para Gritar

Braços a abrir para Acolher

Braços em cruz para dizer

Aqui, aqui está Jesus !

Banda Jota

Quem lá esteve viu que eu não conseguia parar de cantar e dançar esta música, tinha que a partilhar com quem não teve oportunidade de a ouvir e sentir ao vivo e a cores !

Não sou a primeira a dizer que a Oração da Manhã de Domingo passado me tocou.

Chegar a um recinto cheio de gente, da qual eu conhecia apenas um pequenino grupo, mas sentir que nos movíamos pelo mesmo, é, sem dúvida, importante.

Entrar numa pequena tenda e relembrar uma frase que me toca sempre: "Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles."

À medida que a oração decorria e ia saboreando lentamente cada pequeno pormenor da leitura da "Multiplicação dos Pães", era como se nunca a tivesse ouvido, porque todas as coisas, mesmo aquelas sobre as quais já meditei longamente, me tocavam como novidade. Afinal, o Amor nunca é igual, mas, pelo contrário, renova-se permanentemente.

Na hora de escolher o que posso entregar a Deus para que multiplique, não foi difícil saber o que gostaria de oferecer. O complicado foi saber como dizê-lo. O que ficou escrito num pequenino peixe que me tinha sido entregue e que me convidaram a depositar num cesto foi algo parecido com "ofereço a minha disponibilidade e capacidade para tocar". Hoje, talvez escrevesse algo similar a "ofereço a minha disponibilidade e capacidade para fazer os outros sentirem-se únicos e especiais."

Estou numa fase da minha vida em que aquilo que sinto como mais importante é isso mesmo: ajudar a que os outros se sintam especiais, como Deus me faz sentir. Talvez por isso há uma leitura que me toca sempre: a da cura da homorrágica. Seduz-me ouvir Jesus, no meio da multidão, perguntar "Quem me tocou?".

Os últimos dias têm sido dedicados a tentar partilhar aquilo que, com autenticidade, me comprometi. Sabem que mais? Sinto-me especial a tentar tocar com Amor a vida dos que me rodeiam.

Hoje, queria partilhar isto aqui, como forma de tornar público e mais firme o meu compromisso.

Deus marcou-me neste último Domingo. Fez-me acordar para o diálogo com Ele em moldes diferentes, numa oração curta mas recheada de novidade. Sussurou-me várias vezes para me dizer que contava comigo, que o nome do rapazito que ofereceu os cinco pães de cevada e os dois peixes podia ser o meu nome. Como me poderia negar a oferecer o que tenho? Há muita fome para saciar e não posso fechar os olhos a isso, não posso guardar o que tenho. Despertei e fiquei alerta. Claro que um pai conta com o seu filho para o ajudar. Claro que a melhor pessoa a quem um filho pode confiar os seus dons é o seu pai. E quando se tem um Pai que é Amor, "isto promete!".

Como já é costume na minha relação com Ele, nada se restringe a pequenos momentos, por isso, aquela oração matinal teve consequência. Primeiro, na Eucaristia:

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios.

Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua em todos e em todos Se encontra.

Num ambiente alegre e rodeado de algumas centenas de pessoas, parei ao ouvir esta leitura. Não eram as melhores circunstâncias para o fazer nem o fiz por muito tempo, mas fi-lo involuntariamente. Porquê? Pelo constante apelo à união suportada no Amor, apercebi-me mais tarde. E de que forma foi este apelo uma consequência da oração da manhã? Depois de acolher toda a novidade, tornou-se óbvio para mim: há algo que eu posso fazer para viver mais unido aos que me rodeiam. Para ser suporte e me suportar neles. Ao colocar os meus dons nas mãos do nosso Abba - como o rapazito que ofereceu a Jesus Cristo os pães e os peixes -, estarei a torná-los instrumento de Amor, porque, como diz a Leitura, Ele "actua em todos e em todos Se encontra". Assim, a minha união com os que amo será mais forte se eu for capaz de estar ao serviço mais vezes e durante mais tempo.

Se Deus conta comigo para dar nome ao rapazito e me convida para uma missão tão grande como esta, tenho que avançar. Vou cheio de confiança porque Ele vem comigo, mas também carrego a responsabilidade de aumentar e prolongar as consequências daquela manhã de Domingo em que o Amor me revitalizou. A primeira foi a Eucaristia, a próxima terá de passar por mim e por ti. Por nós.

O seu nome não sairá amanhã no jornal

nem o verás nos noticiários da TV

Mas podem crer que o meu amigo é um herói

desses que dão a sua vida por amor.

Terá uns vinte anos, pouco mais ou menos,

e os olhos despertos como um vulcão

um sorriso grande

sem ser de muitas falas

gosta de futebol e de sair para dançar

Até aqui, vais-me dizer, nada de especial...

Nada que justifique esta canção

mas ao fim-de-semana, quando fecha os livros

o meu amigo veste-se de super-herói

porque ele é um herói,

um herói anónimo

um herói, herói, herói, um herói anónimo

é um herói.

Tem toda uma sala ao seu cuidado

dez ou quinze miúdos

eu diria que mil

e a cada um deles chama pelo seu nome

e cada um deles lhe responde "papá".

Ao António, de quinze, dá-lhe de comer na boca

ao Chico de onze, está a ensiná-lo a andar

E à noite, depois de os deitar a todos

adormece a ouvir música rock.

Na segunda, na faculdade,

vão falar de mil coisas

cada um terá uma aventura para contar

mas o meu amigo que tem

o sorriso fácil

é mais reservado à hora de falar

porque ele é um herói,

um herói anónimo

um herói, herói, herói, um herói anónimo

é um herói.

O seu nome não sairá amanhã no jornal

nem o verás nos noticiários da TV

Mas podem crer que o meu amigo é um herói

desses que dão a sua vida por amor.

Oração da Manhã - 26/07/2009

Festival JOTA - S. Jacinto, Aveiro