Há já uns dias largos que me lembro frequentemente de uma mensagem que recebi há uns anos trás. Era daquelas pré-feitas, mas marcou-me. Recebi-a no dia da minha primeira formação como catequista e escolhia-a como algo a nunca perder de vista na vida e na evangelização.
Dizia assim:
"Só mãos abertas recebem presentes.
Só mentes abertas recebem sabedoria.
Só corações abertos recebem Amor."
Seis anos depois, tenho a certeza que esta simples sms foi decisiva, para que, nesse ano de 2003/2004, escolhesse o meu critério de vida: estar disponível. Nesse ano, o grande desafio foi mesmo esse, cada um de nós devia descobrir o seu critério de Vida. Escolhi esse, que ao longo dos anos se foi alterando, e, hoje, gosto de definir como "Estar disponível e mudar a parte do Mundo que depende de mim."
Já tinha intenção de partilhar isto aqui, mas, há poucos dias, ia a sair de casa e a minha avó desejou: "Deus te acompanhe." Respondi o que respondo sempre a isto: "Deus acompanha-me sempre, acompanha sempre todos os Seus filhos. Como podia ser de outra forma, se Ele é Pai e Omnipresente?". A resposta que se seguiu tocou-me: "Pois, mas, às vezes, nós é que não nos deixamos acompanhar."
Fiquei a pensar nisso. É tão verdade! Afinal, só corações abertos recebem Amor.Ele está sempre para nós e por nós, mas nós temos a possibilidade de nos fecharmos ao Seu Amor. Recordei imediatamente um momento da minha caminhada em que se tornou evidente para mim a resposta à bem conhecida pergunta de S. Paulo sobre o que pode separar-nos do amor de Deus. Só eu posso afastar-me do amor que Deus me tem. Só eu! O Amor Dele é gratuito e constante, mas posso recusá-lo.
Na noite desse dia, um grande amigo veio falar comigo no MSN. Queria dizer-me que tinha descoberto um texto bíblico que o tinha tocado. Disse-me que era o Salmo 37 e avisou-me logo que tinha gostado pela parte da confiança que os justos podem ter em Deus e não pela dureza que tinha em certas parte.
Fui ler. Realmente, é um texto com um forte cunho de Antigo Testamento. Há imensas referências ao castigo dos impuros. Li-o, no entanto, numa outra perspectiva. Qual? Aquela que estava a partilhar acima: temos tudo para ser amados, mas podemos rejeitá-lo. Recusar o Amor de Deus implica que não nos construamos, porque só o Amor constrói. Deus só pode plenificar aquilo que nós construirmos. Se resolvermos enroscarmo-nos, então, não há o que Deus divinize. Deus plenifica e diviniza o que nós humanizamos e a humanização é sempre um caminho de Amor.
Espero não ter sido confusa, mas queria mesmo partilhar estas três coisas desconexas, mas que, para mim, fizera sentido juntas.
celebrar aqui... ao entardecer
quaresma 2014 - caminhada de oração
semanário do 1.º volume (2013/2014)