O novo ano de catequese está quase a começar e, ontem, estivemos a saborear um pouco do que é SER catequista.
Não resisti a ir ao meu baú, ver o que lá encontrava.
Hoje, publico um texto que escrevi há 10 anos. Será que ainda há aqui coisas que fazem sentido?
O que é ser catequista?
Por que somos catequistas?
O que anunciamos?
Para muitos, ser catequista será qualquer coisa deste estilo: «Alguém que faz o ensino metódico da doutrina duma religião». Para mim, é totalmente diferente. Não sou capaz de ensinar Deus. Sabem porquê? É simples, eu não O sei, Ele não é nenhuma fórmula matemática que eu possa aprender, nenhum poema que possa decorar. Ele é aquilo que eu conheço, que quero partilhar, não ensinar.
Digamos que um catequista é alguém que descobriu que só uma coisa vale a pena ser vivida: o Amor. É alguém que tem a certeza que o Amor e Deus são uma e uma só coisa. Alguém que tem a convicção firme de que não conseguiria viver sem Deus, o seu Sentido, e, por isso, está disposto a partilhar aquilo que conhece com os outros, principalmente com as crianças, mais capazes de acolher a novidade, de aceitar os pequenos/grandes milagres do dia-a-dia, de preencher os vazios dos seus corações famintos de Amor. Um catequista é alguém disposto a gastar (algo que é muito diferente de perder) o seu tempo, para que outros sintam a mesma felicidade que ele tem, acolhendo a Deus com disponibilidade, fazendo da Vida uma sucessão de encontros com Deus.
É Deus que faz de nós aquilo que somos, que nos dá forma e força, nos mantém em pé (Ez 2,2), sem Ele a Vida não teria sentido, principalmente porque quem O conhece já não consegue voltar atrás, dizer não. Deus é um Caminho sem volta. Apesar de respeitar sempre a nossa liberdade, que Ele mesmo criou, mal encontra uma frincha no nosso coração, não há mais maneira de O remover.
Nós, conhecedores da Sua Palavra e do Seu Amor, sabemos que a Sua mensagem, a Sua Boa Nova é para todos, sabemos que é preciso difundi-la, levá-la a todos, incluindo, ou melhor, principalmente àqueles que “têm coração de pedra”. É preciso lavrar a terra dura, para que Deus possa lá semear o Amor.
Somos catequistas, porque sabemos que Ele continua a precisar de nós, das nossas mãos, das nossas bocas e da nossa capacidade de amar, para Se mostrar ao mundo. Somos catequistas, porque recebemos o Seu apelo e somos incapazes de o recusar. Somos catequistas, porque Ele nos segreda a cada instante, tal como, há mais de 2500 anos, disse a Ezequiel: “o que aprenderes de Mim, irás ensinar-lho.” (Ez 3,17). Somos catequistas, porque sabemos que tudo aquilo que não partilhamos faz com que fiquemos mais pobres. Somos catequistas, porque O amamos e Nele a todos os homens.
O que anunciamos? Ora esta é uma pergunta à qual nem todas as palavras do mundo conseguiriam responder, pois Deus, sendo infinito, não se consegue dizer, só sentir, mas vou tentar. Anunciamos o Amor, fazendo do nosso Amor pelas crianças, pelo grupo de catequistas e pela comunidade símbolo do Amor de Deus, isto é, anunciamos sendo mediação. Anunciamos que só um Caminho vale a pena ser percorrido. Anunciamos que o verdadeiro Sentido da Vida dos homens é o Amor, que o verdadeiro modelo é Jesus Cristo. Anunciamos que Deus, porque é Amor, nunca desiste, por isso, ao longo da História, foi sempre enviando mensageiros a quem diz: “ Quer te escutem quer não, continuarás a transmitir-lhes a Minha Palavra.” (Ez 2,7), ou seja, algo do género: “Como eu não desisto de Ti, não deves desistir daqueles que te peço para ajudares a caminhar.”. Anunciamos que a humanidade está de tal maneira interligada que aquilo que nós deixamos de fazer perde-se eternamente para nós e para os outros (esta é para mim a grande mensagem dos três versículos de Ez 3).
celebrar aqui... ao entardecer
quaresma 2014 - caminhada de oração
semanário do 1.º volume (2013/2014)