“Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada para o seu esposo.” (Ap 21, 1-2)
João VIU um novo céu e uma nova terra.
E eu, hoje, o que VEJO? Como VEJO? De que forma me chama o coração a VER?
Acredito num Deus que não pára de Se fazer a nós, de pensar em novas maneiras de Se aproximar de nós e de nos conquistar para o Seu Amor.
Todas as formas de Espiritualidade são uma espécie de pôr a Vida a Caminho. A Espiritualidade Redentorista não escapa a isto... e nós, Jovens Redentoristas, entendêmo-la como pôr-se a Caminho atrás de um tal Jesus de Nazaré por veredas em que a Esperança se faz Boa Notícia e a Vida se faz Missão. É isto que queremos ensinar aos pés no próximo dia 4: caminhar atrás de Jesus e fazer-se companheiro de muitos Irmãos.
Inscreve-te até ao dia 28 de Abril!
“Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva.” (Ap 7, 16-17)
“Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 10, 27-28)
Aos corações atentos, a Natureza que VÊEM fala-lhes de Deus.
E a mim, hoje, de que modo a Natureza me fala de Deus?
Tinha muitas coisas para dizer ainda sobre "Ver Deus nos mais vulneráveis", mas, a semana passada, não deu tempo.
Provavelmente, ainda vou querer partilhar aqui algumas, ao longo das próximas semanas, ou vou tentar ter oportunidade de as dizer na catequese conjunta, mas, hoje, tenho mesmo de falar sobre o tema desta semana que hoje começa: "Ver Deus na minha caminhada de Fé".
É que hoje é o primeiro aniversário de um dia marcante da minha vida. Faz hoje um ano, foi o Retiro dos "meus meninos" e da Su.
Foi um momento privilegiado de Memória.
O dia foi dividido em três partes: na parte da manhã, fizemos um jogo/exercício por cada ano de caminhada; na parte da tarde, apresentámos diversas formas de VER (nos mais vulneráveis, na nossa caminhada...e o resto não conto, para não ficarem com ideias sobre as próximas semanas); por fim, celebrámos em oração e à volta da mesa.
Foi um dia marcante, porque não foi um dia só. Foi uma espécie de resumo de 9 anos. Teve a intensidade de quem revive o melhor do que viveu.
Enquanto o preparávamos, pude saborear os melhores momentos da caminhada. Se os piores também foram lembrados? Ao de leve. Aliás, essa é das coisas que me faz lembrar de Deus.
Hoje, estava a pensar nisso e na Ressurreição, na incorporação na Família de Deus. Muitas vezes, disse aos "meus meninos", que ao chegarmos ao frente-a-frente com Deus, o que contava era o Amor. Não acredito num Deus que anota as nossas falhas, uma por uma. Acredito, isso sim, num Deus que anota cada acto que nos humaniza. É que o nosso Pecado não é incorporável Nele, só o Amor que somos capazes de construir pode ser feito parte do Amor em plenitude, isto é, de Deus.
Nas nossas vidas, se virmos bem, acaba por ser também assim. Quando chegamos ao fim de uma época que foi boa, de um percurso que nos encheu, que nos tornou melhores, pouco importam os momentos em que tudo pareceu terrível. Não quer isto dizer que não se aprenda com o que houve de mau. Não, quer apenas dizer que não é isso que conta verdadeiramente. A Vida mede-se em intensidade de Amor.
Saborear os melhores momentos serviu para perceber que, na maioria deles, eu tive pouca responsabilidade por os criar. Há uns anos, uma catequista que admiro dizia que, muitas vezes, é quando estamos menos seguros que Deus consegue dizer-se melhor em nós. Hoje, lembrava-me disto e veio-me logo à cabeça a leitura em que os Apóstolos são convidados a atirar a rede para o outro lado. Embora já tenha lido todas as leituras do tempo de Páscoa, para preparar a caminhada "VER DEUS", não me lembrava que era o Evangelho de hoje. Acho que é das maiores aprendizagens que podemos ter: percebermos que o essencial não depende de nós. Por nós apenas passa a Fidelidade.
Depois, foi um exercício que me fez perceber que é sempre Deus que vem ao nosso encontro. Dirão vocês: "Está bem, está bem, frases feitas." Serão talvez, mas são daquelas que acabam por se tornar Carne.
Quando olho para a caminhada deles, que é indissociável da minha, vejo-a assim:
1 - Jesus apresenta-me um Pai Bom.
2 - Jesus quer ficar em minha casa e abraçar-me.
3 - Jesus pede-me para O seguir.
4 - Ouço o que Jesus e o Pai têm a dizer e quero contá-lo a toda a gente.
5 - Deus Confia em Mim.
6 - Eu Confio em Deus.
7 - Será que Confio mesmo? Sou Fiel?
8 - Como é uma Vida ligada à de Jesus? O que é que Ele muda na minha Vida?
9 - O que é isto de ser de Cristo, de ser cristão?
10 - Sei que Deus crê em mim, tem esperança em mim e me ama. E agora?
É engraçado perceber que se, no início, "É assim porque é assim:", depois, vamos sendo cada vez mais questionados. Até que a nossa Vida se torne permanente pergunta, um permanente "E agora?".
Fiz este Caminho com gente fantástica! Pessoas que, perdoem-me todos os outros, são as que mais me fizeram "VER DEUS".
Os últimos meses desse jeito de Caminhada foram maravilhosos, pela vertente Memorial, mas também assustadores. A pergunta "E agora?" foi difícil para mim. De repente, o "sempre foi assim" estava a acabar. Eu não queria continuar a fazer o mesmo. Queria encontrar novas formas de fidelidade. Só que "deixar os chinelos usados" custa, dá medo.
Tenho de dizer que me lembro, muitas e muitas vezes, desses 9 anos de caminhada. Lembro-me com alegria, com orgulho, com saudade. Lembro-me com a certeza de que o Amor é o definitivo e o essencial das nossas vidas.
Faço-o, contudo, sem dizer: "Gostava de ter continuado no mesmo ritmo mais 100 anos".
Viver a fase actual, de "catequista a dias", também está a ser bom, de uma forma diferente.
Senhor,
Ensina-nos a fazer Memória.
Ensina-nos a percebermos que o essencial da Vida são as relações de Amor que criamos.
Ensina-nos a estarmos disponíveis, para todos os desafios a que a Fidelidade a Ti nos chame.
Ensina-nos a Amar ao Teu jeito.
Naqueles dias, o sumo sacerdote falou aos Apóstolos, dizendo: «Já vos proibimos formalmente de ensinar em nome de Jesus; e vós encheis Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem». Pedro e os Apóstolos responderam: «Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro. Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e o perdão dos pecados. E nós somos testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem». (Act 5, 28-32)
Os Apóstolos VIAM na sua caminhada com Jesus e na Sua Ressurreição a Presença e a Acção de Deus.
E eu, hoje, como VEJO Deus na minha caminhada de Fé?
"É nesta promessa de Deus que nos revela plenamente em Jesus o Seu Amor Não-Desistente que assenta a nossa própria Esperança e o compromisso com as tarefas do Reino de Deus, que implicam a nossa procura da Justiça, a defesa da Dignidade de todas as pessoas, o apego à Verdade e a aprendizagem permanente do Perdão. Para que o nosso próprio Baptismo se converta, realmente, num Mergulho renovado no Espírito Santo e na Palavra de Deus, de maneira a deixarmo-nos gerar permanentemente como filhos de Deus-Pai e nos comportarmos como Discípulos de Jesus…"
Esta semana, tenho tentado aceitar o desafio e perceber de que modos Deus me bate à porta, usando da vulnerabilidade, da minha e da dos outros.
Ontem, uma amiga dizia-me sobre alguém que conhecemos que se comporta irresponsavelmente, porque, sabendo que tem uma doença a controlar, não se cuida.
Respondi-lhe algo como: “Pois, ele quer fingir que é saudável, mas, assim, só consegue o contrário.”
Pensei que a conversa tinha ficado por ali, mas não. Na minha cabeça, ficou a insinuar-se, a provocar-me, a desafiar-me a assumir as minhas vulnerabilidades que tento varrer para baixo do tapete.
Hoje, tive de me levantar muito cedo, para apanhar um comboio matutino para Lisboa. Depois de lá chegar, as horas seguintes foram passadas a correr: táxi, recolher documentação da conferência, ir para a própria conferência (passando a maioria do tempo a enviar mensagens e emails para colegas, para, em conjunto, tentarmos resolver uma urgência, enquanto tentava seguir a conferência em Inglês), …
No fim, dei-me uns minutinhos de descanso activo, passeando entre o verde, mas isso fica para vos contar depois, porque foi assim como um adiantamento de um modo de VER que virá noutro desafio…
Depois, novamente táxi e trabalhar na estação.
Sentia-me óptima. Pensei que ia trabalhar até ao Porto, mas, pouco depois, tinha pousado o caderno de apontamentos no colo e estava a dormitar.
Quando voltei a acordar, pus-me a pensar que o meu telemóvel de trabalho se tinha desligado também, cansado da imensa actividade a que tinha sido sujeito desde as 5h30.
Lembrei-me de se dizer, tantas vezes, que a grande limitação dos telemóveis actuais é não terem bateria suficiente para as mil funções que desempenham.
Fiquei a pensar que nós também não.
Dei por mim a relembrar a minha conversa com a minha amiga. Só que a levá-la mais longe, não é só uma irresponsabilidade não cuidarmos das doenças que temos ou não dormirmos as horas necessárias.
É uma irresponsabilidade, isto é, uma incapacidade em de responder àquilo para que formos criados, não cuidarmos de qualquer das nossas fragilidades. As nossas vulnerabilidades não são só físicas, são também mentais e espirituais. Precisamos de carregar todas essas “baterias”.
Sim, quando nos “esquecemos” de carregar alguma delas, estamos a ser irresponsáveis, a aceitar ser menos do que aquilo para que fomos criados.
Assumirmos as nossas vulnerabilidades, a todos os níveis, é o primeiro passo para as superarmos.
Eu lido muito mal com as minhas. Gosto de mostrar o meu lado feliz e em comunhão com a Vida.
O outro, muitas vezes, até de Deus tendo esconder, como se fosse possível.
Quando me sinto mais vulnerável, fujo de Deus ou aproximo-me com frases feitas, como o filho que desbaratou a herança.
Vale-me que Deus continua o mesmo, a vir ao meu encontro, muito antes de eu O procurar.
Não lhe importa que eu, como Adão, me esconda quando me sinto “nua”.
Isto lembra-me uma situação que me aconteceu há apenas alguns dias. Um amigo contou-me algo que pensara fazer e em que não ficaria muito bem na fotografia.
Senti-me tão agraciada pela confiança que o levava a mostrar-se inteiro, o bom e o mau, o forte e vulnerável, que não pude deixar de me analisar pelo prisma da Confiança.
Quando escondo as minhas vulnerabilidades com todas as minhas forças, por onde anda a minha Fé?
Quando me “escondo” até de Deus, quem sou, quem opto por ser?
Faz-me, Senhor, ver as minhas vulnerabilidades como um convite a deixar-me completar por ti e pelos irmãos.
Não me deixes cair na tentação da auto-suficiência, nem permanecer num orgulho arrogante de quem fecha os olhos às suas fraquezas e as esconde com todas as forças.
Ensina-me a arte da Confiança, a virtude da Fé.
Ajuda-me a que os meus dias me falem de Ti. Faz-me VER ao Teu jeito.
Hoje, foi dia de revelarmos à Comunidade qual é este desafio de Páscoa.
A partir de hoje e até à catequese conjunta (12 de Maio), vai haver, todas as semanas, um desafio a ver em algo concreto.
Somos muitos desatentos, por isso, é preciso ir guiando o olhar.
Depois, claro, vamos partilhar a 12 de Maio.
E para esta semana temos:
“Uma multidão cada vez maior de homens e mulheres aderia ao Senhor pela fé, de tal maneira que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e em catres, para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. Das cidades vizinhas de Jerusalém, a multidão também acorria, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros e todos eram curados.” (Act 5, 14-16)
Os Apóstolos VIAM os mais vulneráveis e Deus através deles.
E eu, hoje, como VEJO Deus nos mais vulneráveis?
celebrar aqui... ao entardecer
quaresma 2014 - caminhada de oração
semanário do 1.º volume (2013/2014)