Felizmente, ainda que eu não as saiba dizer, há quem as saiba exprimir.
Graças a Deus, eu conheci, melhor, eu conheço, que a Ressurreição não afasta de nós aqueles que conhecemos e amamos, quem o tenha sabido dizer com mestria.
Mais, quem o viveu com mestria. Deixemos o Espírito Santo actuar, para que também nós vivamos desse jeito.
Hoje, portanto, deixo "apenas" isto.
Hoje, li isto e fiquei a pensar numa frase que lá está: "E no dia em que tantas vezes dizemos a palavra "Assunção", percebamos que foi nesta Esperança que fomos ASSUMIDOS, foi nesta Narrativa d'esperanças que fomos Inscritos, é para o Mundo Novo cantado profeticamente no Magnificat que fomos ConVocados."
Que Esperança é esta?
A que Lucas coloca nos lábios de Maria, no Magnificat, parte da Boa Notícia (Evangelho) que nos anuncia:
"A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada
todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre»" (Lc 1, 46-55)
Já fui a "mastigar" isto para a eucaristia, mas tomou mais força enquanto ouvia a proclamação deste Evangelho.
Depois, enquanto lia a Oração dos Fiéis, com os seus correntes pedidos pelos pobres, doentes, oprimidos e outros sofredores, dei por mim, como tantas vezes antes, a pensar se não colocamos aquilo no livro de orações só para fmostrarmos que não nos demitirmos da nossa parte na mudança do mundo. Alguma coisa assim: "Olha, Senhor, todas as semanas Te peço pelos que sofrem, agora, se Tu não fazes nada por eles..."
Toda a História do nosso Povo nos mostre que Deus sempre se debruça sobre os Seus filhos, em particular sobre os que mais sofrem. No entanto, também mostra que convida homens e mulheres de coração disponível, para o tornarem VIVO e ACTUANTE no meio do Povo.
Não somos marionetas nas mãos de Deus. Somos Seus Filhos muito amados, criados livres, com horizontes de ESPERANÇA, porque vamos intuindo que a FINALIDADE DO MUNDO é a ASSUNÇÃO em Deus-Amor.
Como Seus Filhos muito amados, estamos chamados a construir a Esperança em cremos. Quando pedimos a Deus por todos os oprimidos, estamos chamados a ser sinal da Sua misericórdia, a não compactuar com a soberba e com aqueles que se fingem maiores entre os homens (a não compactuar connosco, quando nos deixamos ganhar esses tiques de soberba e "poder de trazer por casa"), a não fazer do ter a razão de ser das nossas vidas e a não deixar que a desEsperança tome conta das nossas vidas e das dos que nos rodeiam.
Há uns dias, deixei aqui a pergunta "Pelo que esperas?" que, para mim, se contrapõe a "O que esperas?".
Se vivermos à espera que aconteça algo, para depois nos lançarmos na construção de um mundo novo, não vamos longe.
Se formos descobrindo o que esperamos, que Mundo Novo sonhamos com Deus, aí as coisas mudarão! É que descobrirmos que Mundo Novo
sonhamos compromete-nos com a sua construção.
Por isso, hoje, Bom Deus, peço-te que me moldes o coração, que o tornes disponível às insinuações do Mundo Novo que sonhas.
Ajuda-me a comprometer-me com ele, sem procurar para cada solução um problema, mas fazendo o que estiver ao meu alcance para que os problemas vão tendo solução.
Ainda que me deixe vencer muitas vezes pela desesperança, numa atitude que não é de filha Tua, quero que saibas que Te amo e que me quero comprometer hoje e sempre com a construção do Teu Reino.
Hoje, para terminar esta semana lançada pelo texto da multiplicação dos pães e dos peixes, quero partilhar algumas perguntas que ela me suscitou.
Foram feitas por mim e para mim, no entanto, talvez sejam úteis a outros.
São apenas algumas. Para mim, neste momento, suficientes para abanarem. Espero que suficientes para me co-moverem.
Ousar fazê-las tem daqueles impactos de quem percebe o muito que está por fazer. O muito que eu posso fazer e, tantas vezes, não faço por distracção, preguiça ou desesperança.
Bom Deus,
Mantém a tentação da distracção, a tentação da preguiça e a tentação da desesperança bem longe de mim.
Faz-me aoTeu jeito.
Faz-me perceber que me envias a todos os Teus amados.
Faz-me não desistir de mudar a parte do mundo que depende de mim.
Quando eu não puder ou não fizer, não me deixes ficar enrolada na capa da vergonha, mas faz-me erguer-me e continuar.
Não deixes que arranje desculpas para não fazer aquilo que está ao meu alcance.
Não permitas que o aldrabão do Medo me faça crer que é melhor estar quieta, não me expor, não me dar.
Livra-me de tudo o que me afaste de Ti.
Amén.
"E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim."
Mateus 25:31-45
Neste dia de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregração do Santíssimo Redentor (Redentoristas), esta forma de ser Igreja a que pertencemos, tem de ficar uma referência ao carisma Redentorista, tão intimamente relacionado com a partilha como segredo da abundância.
Tenho a dizer-vos que, ao escolher estes bocados de textos, hesitei bastante em partilhá-los.
É que, ao fazê-lo, sinto que me obrigo a comprometer-me com aquilo que, tantas vezes, parece ser demasiado exigente para mim.
Ainda assim, há coisas que não devemos calar, para que acabem por ir tomando parte das nossas vidas, na certeza de que Deus respeita sempre quem somos e conhece cada um dos nossos limites (os verdadeiros, não aqueles que deixamos que o medo nos imponha).
"Ao longo de uma história com 276 anos, os redentoristas foram aprofundando o seu carisma, espiritualidade e missão na Igreja. Um carisma (do grego Karis, que significa Graça) é uma resposta que o Espírito Santo suscita para responder a uma necessidade do Reino, a partir das capacidades e disponibilidade de uma pessoas; numa congregação, esse carisma, essa resposta do Espírito pelo Reino reune diversas pessoa. Assim, os redentoristas procuram deixar-se consagrar pelo Espírito para o anúncio do Evangelho, respondendo assim à necessidade de tantas pessoas que ainda não o conhecem ou não o conhecem como ele deve ser: boa notícia, novidade, resposta de alegria, diante de um Acontecimento: a inauguração do Reino de Deus, da Salvação na Ressurreição de Jesus. De entre todas as pessoas que não conhecem ainda o Evangelho, os redentoristas dirigem-se de maneira preferencial aos pobres e excluídos, como sinal de que a missão de Jesus continua hoje no Amor salvador de Deus."
"Como família no seio da Igreja, os redentoristas vivem unidos por um projecto de seguimento e caminho no Evangelho a que chamamos de Constituições. É pelas Constituições que aprofundamos o nosso carisma. As Constituições são um projecto de seguimento de Jesus a que chamamos de Vida Apostólica: como discípulos de Jesus, experimentamos o envio a anunciar o seu Evangelho."
Retirado de: http://redentorista.blogspot.pt/2008/08/bem-vindo.html
Opção preferencial pelos pobres (http://redentorista.blogspot.pt/2008/08/opo-preferencial-pelos-pobres.html)
"Como vimos na Constituição 5, “A preferência pelas condições de necessidade pastoral ou pela evangelização propriamente dita e a opção em favor dos pobres constituem a própria razão de ser da Congregação na Igreja e o distintivo de sua fidelidade à vocação recebida”. Esta dimensão central do carisma e missão da Congregação é apresentado logo no inicio pelas Constituições 3 e 4. Na prática, acabamos por encontrar duas categorias que, não sendo distintas, são apresentadas segundo critérios diferentes.
A Constituição 3 apresenta “os homens mais abandonados”, aqueles a quem é dirigida a obra da evangelização, e apresenta-os em sentido eclesial: tal como Afonso descobriu em Scala, são aqueles a quem não chega o anúncio do Evangelho por causa das limitações da Igreja: “Os homens mais abandonados, aos quais, de modo especial, é enviada a Congregação, são os que a Igreja não pôde ainda prover de meios suficientes de salvação; os que nunca ouviram o anúncio da Igreja ou, pelo menos, não o recebem como “Evangelho”; ou, finalmente, os que são prejudicados pela divisão da Igreja”.
A Constituição 4 apresenta a opção preferencial pelos pobres: “Entre os grupos humanos mais necessitados de auxílio espiritual atenderão de modo especial os pobres, mais fracos e oprimidos, cuja evangelização é sinal da obra messiânica e com os quais o Cristo mesmo quis, de certa maneira, identificar-se”. Sendo esta opção um dado fundamental na vida dos redentoristas, não pensemos nunca que se trata de uma especificidade sua, ou de uma moda pós-conciliar: “é sinal da obra messiânica”. O pobre é uma figura central na Bíblia. Os profetas permanentemente chamam à atenção que a vivencia da Aliança implica um compromisso pelos pobres, órfãos e viúvas; e, claro, encontramos as palavras do próprio Jesus no capítulo 25 de Mateus: O que fizestes a estes meus irmãos menores, a mim o fizestes (Mt 25, 40).
E não só a acção junto dos pobres e oprimidos, dos que não encontram senão em Deus a sua única defesa, é um sinal do Reino, como o próprio Jesus coloca a condição de ser pobre para acolher o Reino: Bem-Aventurados os pobres de coração, porque o Reino de Deus lhes pertence (Mt 5, 3). Embora o acolhimento do Reino não depende da situação material de cada um (por exemplo, Zaqueu), Jesus bem fez a experiencia de que a riqueza de bens pode conduzir à não disponibilidade de coração (por exemplo, o Homem Rico).
Como deve dirigir-se a Congregação aos pobres e abandonados? Sempre no desenrolar da sua missão: o anúncio do Evangelho. Como vimos pela profundidade e riqueza dos conceitos de missão e de evangelização, estes incluem o testemunho da caridade fraterna, como a preocupação por todas as dimensões da vida humana: “O mandato conferido à Congregação de evangelizar os pobres visa a libertação e a salvação da pessoa humana toda. Os membros da Congregação têm como incumbência o anúncio explícito do Evangelho e a solidariedade com os pobres, a promoção de seus direitos fundamentais na justiça e na liberdade, com o emprego dos meios que sejam, ao mesmo tempo, conformes ao Evangelho e eficazes” (Const. 5).
Assim, os redentoristas anunciam e vivem a Salvação como libertação de todas as escravidões do Homem: “Ao fazer presente a Deus na situação, a libertação se converte em salvação, e vice-versa. Quando experimentamos a libertação – sob qualquer forma – devemos reconhecer-lhe como a Graça de Deus, como um dom, como a Salvação que está a acontecer nos alicerces da vida” (Kevin Dowling cssr).
Também se acentua a dimensão de cada redentorista deixar-se evangelizar pelos pobres, mesmo como condição de o preparar para a missão apostólica. Esta dimensão entra no caminho que cada redentorista faz de conversão pessoal e comunitária: “Devem os Redentoristas fazer convergir seus esforços a fim de se revestirem do Homem Novo feito à imagem do Cristo crucificado e ressuscitado dos mortos, de modo que se purifique todo o seu modo de julgar e agir. Toda a sua vida quotidiana deve ser marcada pela conversão do coração e constante renovação do espírito. Esse esforço importa em permanente abnegação de si mesmo que elimina o egoísmo e abre livre e largamente os corações aos outros, em conformidade com a dimensão da vocação apostólica. Empenhando-se, dessa forma, pelos outros por causa de Cristo, adquirirão aquela liberdade interior que dará a toda a sua vida unidade e harmonia” (Const. 41).
O redentorista, como discípulo de Jesus, deve palmilhar o seu caminho de total pobreza, liberdade e disponibilidade para a entrega pelo Reino. A pobreza na forma de viver significa diversas atitudes a viver na missão:
· solidariedade: “A caridade missionária exige que os Redentoristas levem uma vida verdadeiramente pobre, que seja condizente com a dos pobres a evangelizar. Dessa maneira demonstram solidariedade com os pobres e se tornam para eles um sinal de esperança” (Const. 65).
· inculturação: “Procurarão igualmente, com sinceridade, compreender os valores tidos em consideração por outros povos, mesmo que não sejam conformes aos seus e aos de sua cultura. Daí se originará aquele frutuoso diálogo que revelará as riquezas que Deus distribuiu aos povos” (Const. 66).
· Disponibilidade: “Aceitarão de boa vontade a situação que talvez os chame de um lugar para outro a fim de, em espírito de abnegação, viverem em liberdade evangélica. A pobreza igualmente os levará a se inserirem com alegria nas diversas instituições, como servos fiéis do Evangelho, colaborando com todos os homens para o bem da missão” (Const. 67).
Além disso, leva a compreender que é na missão junto e com os pobres que o redentorista se torna discípulo de Jesus, cresce como seu discípulo, o encontra, escuta e conhece. O primeiro beneficiado da obra da evangelização é o evangelizador. Os pobres “obrigam-no” a viver, no máximo das suas possibilidades e limites, o Evangelho que anunciam!"
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quaresma 2014 - caminhada de oração
semanário do 1.º volume (2013/2014)