Terça-feira, 31 de Julho de 2012

"Um destes dias, estava a rezar com a Maria, como fazemos todas as noites antes de ela adormecer.
Além das orações que sabe e vai aprendendo na catequese, temos por hábito agradecer as coisas boas e menos boas do dia. A Maria também costuma pedir ajuda a Jesus para se comportar bem na escola, não falar para o lado e para lhe tirar o medo das avaliações.
No final, a Maria disse que Jesus gostava de todas as pessoas mesmo das que não gostam dele.
Mas não foi esta frase que me deixou a pensar.
Depois a Maria continuou... " Jesus gosta mesmo das pessoas que não têm comida nem dinheiro e, nós que temos comida e dinheiro, em vez, de deitar fora podíamos partilhar e assim todos tínhamos."

Na sabedoria dos seus sete anos a Maria deixou-me a pensar toda a noite e os dias seguintes...
Ainda hoje as palavras da Maria andam ás voltas na minha cabeça.

É tão fácil dizer, é tão fácil fazer... porque arranjamos tantas desculpas?
Porque complicamos tanto o que é simples?"


Texto retirado de: http://mudar-de-ceus.blogspot.pt/2012/05/verdade-sai-da-boca-das-criancas.html



publicado por Micaela Madureira às 12:37 | link do post | comentar

Segunda-feira, 30 de Julho de 2012

"Olá malta, BOM DIA!

Vamos às apresentações: eu sou o FATIAS. O Rui só chegou ontem de férias e ainda está um bocado preguiçoso… Por isso, pediu-me para eu passar por aqui hoje e contar-vos uma história que aconteceu comigo já há muito muito tempo.

Eu tinha acabado de sair do forno, nessa manhã, e puseram-me em cima da mesa lá de casa, embrulhado num pano antigo. Eu era um pão grande, para vários dias, como sempre se costumava fazer por aqueles lados em que nasci. Mal saí do forno ouvi as pessoas lá fora a chamarem-se umas às outras e lá fiquei eu sozinho em cima da mesa a pensar quando chegaria o dia em que alguém havia de fazer um pão com pernas… mas pronto.

Mas o que aconteceu depois é que me fez perceber tudo, e é essa a tal história que o Rui quer que eu vos conte. Foi assim: tinha chegado lá à aldeia O JESUS, um Homem Bom de Nazaré, um Homem de Deus que era livre diante de toda a gente e por isso se dava com todos. Ele trazia sempreBoas Notícias às pessoas e a maneira como ele falava e se comportava tocava-as. Sim, ele tocava as pessoas com um jeito que muitas delas ficavam bem diferentes depois de ele se ir embora. Aconteciam autênticos milagres!

Nessa manhã, todos queriam ir escutar o que ele tinha para dizer e fazer-lhe perguntas. Mas ele, nessa altura, já não gostava muito de ficar na praça dos lugares por onde passava, porque havia muita confusão e gente que só estava lá porque não tinha mais nada que fazer… Então, o Jesus passava por ali, estava um bocado, e depois punha-se a caminho até uma colina que havia mais ou menos perto da aldeia. Era lá que se encostava a uma árvore e as pessoas iam-se sentando à vontade. Às vezes eram mesmo muitas…

Nessa manhã, ele fez isso mesmo. E, como nunca se sabia o tempo que iam demorar, mais valia ir prevenido, claro: “Vai lá buscar aquele pão que eu cozi hoje e está a arrefecer em cima da mesa. Mete-o na sacola e vamos!” Foi isto que a senhora que me tinha amassado a farinha, posto o fermento e metido no forno disse ao filho, um miúdo com 8 ou 9 anos. Ele veio, meteu-me na sacola que pôs ao ombro e fomos.

O caminho deve ter sido longo, que eu fui a baloiçar dentro da sacola o tempo todo, e o miúdo deve ter dado tantos saltos e corridas pelo caminho que eu cheguei lá acima todo tonto! Entre os pães dizemos assim: “Fiquei com a farinha toda fora do lugar”, eheheh.

Então, o Jesus pôs-se a falar… eu podia ouvi-lo muito bem porque o miúdo que me levava foi pôr-se mesmo lá à frente da multidão. Falou, contou histórias, respondeu a perguntas, ensinou as pessoas a sonhar, a acreditar e aterem esperança… e, com isto tudo, começou a anoitecer.

Mas parecia que Jesus não queria que as pessoas fossem embora ainda… o que é que ele teria preparado?

Um dos seus discípulos - aqueles amigos que andavam sempre com ele para todo o lado - até lhe disse isto, que eu bem ouvi: “Oh Mestre, manda as pessoas para casa delas, porque está a anoitecer e o que nós temos aqui não chega para dar de comer a esta gente toda! Só um Rei muito rico é que podia comprar pão para uma multidão destas!”

E o Jesus respondeu-lhe, com um ar muito malandro: “Só um Rei muito rico? Então, vou lançar-vos um desafio: dai-lhes vós mesmos de comer!”

E eles ficaram a olhar uns para os outros…

Todas as pessoas se começaram a aperceber do que se passava e pensavam da mesma maneira: “Eu tenho aqui uma garrafa de vinho e um bocado de carne de cordeiro, mas isso mal dá para dois ou três, quanto mais para esta multidão toda!”

Outro pensava: “Eu tenho aqui uma fruta que trouxe lá da minha horta, uns figos e umas uvas, mas não dá para tanta gente e, se mostro, todos me vão pedir e eu fico sem nada para mim!”

“Eu tenho aqui ainda um bocado de pão e uns peixitos que pesquei no lago esta manhã, mas se vou a oferecer não dá nem para a cova de um dente…”

Bem, todos pensavam assim, no meio de um grande silêncio. E todos com as sacolas bem fechadas

Foi nesse momento que a minha se abriu! O miúdo que me levava meteu a mão lá dentro, pegou em mim e falou depois para o Jesus: “Olha, Jesus – disse ele – eu tenho aqui um pão grande que a minha mãe cozeu hoje de manhã. Se quiseres, dou-to.”

O silêncio ainda aumentou, apesar de haver muita gente. O Jesus perguntou-lhe: “Como te chamas?”

“Benjamim”, disse ele.

“Vem cá, Benjamim.” E ele foi. Então, o Jesus sentou-o no colo, enquanto o Benjamim me segurava com as suas mãos pequenitas, pôs as suas mãos por baixo das dele e, segurando-me também, falou à multidão: “Felizes os quevivem e confiam como o Benjamim… Felizes os que abrem o coração à Palavra de Deus e as sacolas aos irmãos. Eu tenho a certeza que se todos fizermos como ele acontecerá aqui uma FESTA, um BANQUETE como nenhum Rei da terra estaria interessado em dar-nos! Mas o Bom Deus é o nosso Rei e no Seu Reino os Banquetes são assim, para gente como nós! E acontecem quando somos capazes de acreditar nele. Somos?...”

E o Jesus, depois de beijar o Benjamim no alto da cabeça, começou a partir-me aos bocados e a dar-me às pessoas que estavam por ali. Todas as sacolas começaram a abrir-se e tudo começou a dividir-se. E quando estas coisas se dividem, multiplicam-se!

Passado um bocado todos estavam a comer satisfeitos e ninguém chamava “meu” a nada porque tudo já era de todos. Todos puderam comer do que não costumavam: quem era pescador comia carne tenra de cordeiro e deliciava-se com frutas boas, e quem era pastor ou agricultor comia peixe fresquinho assado nas brasas, por exemplo.

O pão circulava entre todos – éramos muitos – e o vinho também, de vários tipos e sabores. Que Banquete! Começaram a cantar, a dançar… FESTA! Nenhum Rei da terra prepararia uma Festa assim. Aquele era um Banquete à moda de outro Reino… o “REINO DE DEUS”, como o Jesus gostava de lhe chamar.

As pessoas foram ficando e, como era Verão, foram-se encostando por ali mesmo. Já era quase de manhã quando a Festa se fez Silêncio, e todos adormeceram por ali, embrulhados nos seus mantos, umas horitas. De manhã, quando foi hora de arrumar as coisas para regressar a casa, todos ficaram admirados: foi preciso ir buscar cestos à aldeia para guardar tudo! Sobraram doze cestos com coisas boas, o que foi uma óptima notícia, sobretudo para os que eram mais pobres.

Ainda sobraram doze cestos… para que até os que não tinham estado na Festa pudessem comer dela, pudessem tomar-lhe o gosto…

Foi um autêntico Milagre que aconteceu nesse dia! Jesus conseguiu romper os medos e as inseguranças que oEGOÍSMO punha no coração das pessoas, e mostrou-lhes que a PARTILHA é o segredo da ABUNDÂNCIA. Por isso é que ele não queria que as pessoas fossem logo embora… porque precisavam de experimentar tudo aquilo para perceberem que o que ele tinha ensinado antes, os sonhos que tinha e as histórias que contava eram mesmo mesmo VERDADE!"

Foi assim, nesse dia, que eu deixei de ser apenas um pão grande e passei a ser um pão ENORME, infinito, partido, espalhado, partilhado… Deixei de ser apenas o bonito e bem-cheiroso em cima da mesa lá de casa e me tornei o “Fatias”, espalhado por uma multidão de pessoas e lugares. Até hoje… Passado pouco tempo, já se ouvia falar do “Milagre da Multiplicação dos Pães” que o Jesus tinha feito. Bem, foi um nome engraçado, eheheh.

Entretanto descobri que até há quem pense que nesse dia ele fez um truque qualquer e lhe saltavam pães das palmas das mãos, e peixes… E fruta, já agora, para sobremesa, que tal? E guloseimas para as crianças, porque não?!

Eheheheheh

Há quem ainda não tenha percebido muito bem que o Poder Invisível de Jesus não era para fazer essas coisas assim… ele tinha o Poder Invisível para tocar o coração das pessoas e ajudá-las a vencerem o Egoísmo e o Medo. Esse Poder Invisível chama-se “Espírito Santo”, mas isso fica para outro dia…

Por hoje já chega que vos conte a história do que aconteceu naquele dia. Não se esqueçam, ok?! É que o Jesus continua a precisar de meninos como o Benjamim para que aconteçam mais Banquetes e Festas como nenhum Rei da terra seria capaz de dar… porque são do Reino de Deus!

Gostei muito deste bocadinho. Espero que vocês também!

Um grande Abraço,
FATIAS.


Texto retirado de: http://derrotarmontanhas.blogspot.pt/2009/08/meninas-e-meninos-o-fatias.html



publicado por Micaela Madureira às 12:34 | link do post | comentar

Domingo, 29 de Julho de 2012

Ontem, na eucaristia, ouvindo as leituras, senti despertar em mim a vontade de, durante uma semana, fazer aqui alguns posts sobre partilha.

 

Sinto que há coisas a que não devemos resistir, por isso, vou mesmo fazê-lo.

 

O pior (é sempre o pior para mim, quando penso em escrever) foi escolher título. Aquele que surgia em mim com mais força era este que aqui está: "Dividir é Multiplicar". No entanto, tive alguma relutância em usá-lo, para que, ao olharem para ele, os leitores não pensem: "Lá vem ela falar outra vez do blog dela e da Carla".

 

Não, não se trata disso.

 

No entanto, como as palavras Dividir e Multiplicar, bem juntinhas, me dizem muito ao coração (pelo blog, mas não só), vai mesmo ficar assim ;)

 

Pronto, hoje, ficam aqui apenas a I Leitura e o Evangelho deste Domingo.

 

Nos próximos dias, vou partilhar textos que não são da minha autoria, vídeos, imagens...

 

Talvez no último dia escreva eu um pouquinho. Talvez em alguns post sinta também vontade de escrever um pouquinho.

 

Por enquanto, quero apenas dizer isto: Bom Deus, ajuda-me a nunca calar aquilo que no meu coração seja ao Teu jeito. Ensina-me a dar-Te o mínimo de luta possível, para nunca deixar de Te anunciar como fonte de todo Bem, chamamento à Abundância e Misericórdia total.

 

 

Leitura do Segundo Livro dos Reis (2 Reis 4, 42-44)
Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?». Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há-de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.
Palavra do Senhor.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 6, 1-15)
Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.
Palavra da salvação.



publicado por Micaela Madureira às 12:10 | link do post | comentar

Sábado, 14 de Julho de 2012

A minha vida está cheia de "coincidências". Todos sabem porque ponho entre aspas: não acredito em coincidências, mas acredito que, perante a nossa desatenção, Deus, por vezes, tem de insistir, juntando, no mesmo dia ou num curto espaço de tempo, várias formas de dizer a mesma mensagem.

 

Por estes dias, ando a ler "Comer Orar Amar" (de Elizabeth Gilbert). O título já me tinha atraído algumas vezes. Depois, o Icas e a Luísa comentaram a história na minha presença e o quanto gostavam dela. Passado uns tempos, o meu pai foi à Feira do Livro e trouxe-o. Eu vi-o no nosso escritório e fui "obrigada" a atacá-lo.

 

Esta semana, penso que anteontem, houve uma passagem que me fez pensar na minha própria experiência de Fé:

 

"Uma família qye vive próximo da minha irmã foi recentemente atingida por uma dupla tragédia, quando o filho de três anos e a sua jovem mãe foram ambos diagnosticados com cancro. Quando a Catherine me contou isso, a única coisa que consegui dizer sob o efeito do choque foi:

- Meu Deus, essa família precisa da graça divina.

Ela respondeu com firmeza:

- Essa família precisa que lhe preparem a comida.

E depois tratou de organizar todos os vizinhos para levarem o jantar à família, por turnos, durante um ano inteiro. Não sei se a minha irmã reconhece que isso é graça divina."

 

Sim, há coisas a que chamo construção do Reino de Deus e Graça de Deus e para outros são apenas bondade humana. Não importa o que chamamos, desde que nos comprometamos com aquilo que sonhamos para o mundo.

 

Depois, ontem, na minha visita diária (na maioria dos dias, visito mais do que uma vez, mas vamos chamar-lhe visita diária) ao Derrotar Montanhas, encontrei:

 

"Não tenho milagres para te dar. Mas tenho milagres para te propor.

Não tenho milagres para te fazer. Mas há milagres que podem acontecer entre nós.
Se tiveres Fé, acontecerão milagres. Se tiveres Fé... em ti, se calhar, sobretudo em ti... Às vezes gostava que tivesses menos crenças acerca de mim e mais Fé em ti mesmo e do que nós podemos fazer juntos!"
In: http://www.derrotarmontanhas.blogspot.pt/2012/07/recado.html

 

Passando pelo Mudar de Céus, da mana Carla, mais um pecadinho de desafio:

 

"Não precisas de mudar o mundo todo de uma vez, precisas é de ir mudando o teu mundo, aquilo em que acreditas e confias, um passo de cada vez, como se estivesses a aprender a andar." In: http://mudar-de-ceus.blogspot.pt/2012/07/abre-te-vida.html

 

 

Ao fim do dia, chegou-me um desafio, algo que interpretei como: "Acreditas mesmo que és chamada a colaborar na (vamos chamar-lhe assim) entrega porta a porta da Graça de Deus"? Não precisei de dizer que sim a Deus, porque as minhas mãos e a minha boca já se tinham posto em acção, sem me dar tempo a responder.

 

Bendito seja Deus, que não nos dá respostas, mas confirmações.



publicado por Micaela Madureira às 22:19 | link do post | comentar

Domingo, 8 de Julho de 2012

"Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas."

 

Pablo Neruda

 

 

Bom Deus, há dias, este texto encontrou-me. Tu sabes que é assim que gosto de falar de textos que me marcam. É como se  eles me encontrassem, porque, quase sempre, não ando à procura, mas acertam em cheio quando os leio.

Este foi dos tais. Tenho andado a meditar e a partilhar por aqui a importância de sermos quem somos, sem deixarmos de ser o melhor de nós mesmos.

No fundo, como se o melhor de nós já existisse, mas fosse preciso escavar até encontrar. Miguel Ângelo acreditava que um bloco de pedra contém já uma bela escultura, sendo apenas necessário retirar o excesso de pedra. Eu acredito nisso em relação aos seres humanos. Cada um de nós tem dentro de si a Tua chama, às vezes, temos é muita pedra e roupagem por cima.

Acredito que estamos chamados a ser o melhor que podemos ser. Independentemente dos talentos que tenhamos recebido, estamos chamados a realizar cada um deles. Isso não faz de nós os melhores em comparação com ninguém, não faz de nós o melhor arbusto ou melhores no que quer que façamos, mas simplesmente faz de nós para aquilo para que estamos talhados.

Quaisquer que sejam os talentos que temos, uma coisa é certa: o nosso melhor é sempre marcado pelo Amor.

 

Ajuda-me, Senhor, a discernir o que sou e a construir-me como o melhor de mim mesma.

Amo-Te e amo o Teu jeito de escultor que vai extraindo de mim o meu melhor, ainda que eu seja uma pedra dura que, muitas vezes, resiste a ser esculpida. O teu cinzel, usado com Amor, ainda assim, às vezes fere, porque embate na minha resistência a ser mais, nos meus medos e no meu comodismo.

Hoje, quero livrar-me de todos eles, para que me moldes.



publicado por Micaela Madureira às 22:26 | link do post | comentar

Quinta-feira, 5 de Julho de 2012

Quando começa a vir o tempo quente e os sapatos abertos se impõem, começa uma fase de sofrimento para os meus pés, que tendem a ficar cheios de calosidades e, volta e meia, também com bolhas.

Por isso, por estes dias, todas as manhãs, esfrego os pés com creme próprio.

Porque estou a contar isto?

Porque, hoje de manhã, enquanto o fazia, dei por mim a pensar: "É importante preparar os pés para o caminho, mas a preparação tem de ser isso mesmo: preparação".

Tentando explicar-me: Se eu saísse de casa sem ter estes cuidados com os pés, estava a comprometer parte da alegria e da produtividade do meu dia. Portanto, é importante que o faça, ainda que isto implique atrasar-me 5 ou 10 minutos na saída de casa (porque além de deitar o creme, tenho de esperar que se entranhe, para não derrapar). No entanto, é uma preparação. Não deito o creme para a seguir me voltar deitar na cama, mas sim para me fazer ao caminho, para enfrentar melhor um dia. Não fico o dia todo a preparar-me, mas, em vez disso, preparo-me e sigo.

 

Ao pensar nisto, pensava em duas grandes tentações da nossa Fé:

 

  • Uma é pormo-nos a caminho sem preparação;
  • A outra é passarmos tanto tempo a prepararmo-nos, a ensairmo-nos, a dizermos "ainda não estou pronto", "ainda não estou preparado", "não é possível que Deus me chame, porque ainda não estou pronto", que, muitas vezes, fazemos da vida apenas um rascunho, apenas um ensaio.

Depois, fui pelo caminho a pensar se esta percepção de preparação q.b. não estava já  na génese da nossa Fé, na tradição a que pertencemos.
Lembrei-me de dois textos: um o anúncio da Páscoa judaica a Moisés ("Comê-la-eis desta maneira: os rins cingidos, as sandálias nos pés, e o cajado na mão. Comê-la-eis à pressa." - Ex 12, 11), o outro o envio dos discípulos por Jesus, dois a dois ("Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto: que fossem calçados com sandálias e não levassem duas túnicas." - Mc 6, 8-9).
Ensina-nos, Jesus de Nazaré, a arte de estarmos sempre prontos. Sim, a arte de nos prepararmos não como quem há-de prestar provas, mas como quem se sente a cada dia enviado e, por isso, tem de ter sempre os rins cingidos e as sandálias calçadas.
Não nos deixes cair na tentação de não nos prepararmos a cada dia, mas também não nos deixes cair na tentação de nos prepararmos para aquele dia que há-de vir, aquele lá longe, aquele em que nos sentiremos preparados e então...
Faz-nos viver hoje como quem sabe que se prepara e quem se abre confiante ao Espírito que nos prepara para todos os desafios que nos lanças.
Não nos deixes viver às pressas. Ajuda-nos antes a viver como quem saboreia, como quem descobre com atenção para o que servem as sandálias que já trazemos calçadas (mesmo quanto mal apertadas) e o cajado que já seguramos nas mãos.
Por muito que nos doam os pés, não nos deixes nunca desistir do caminho. Parar para respirar, para olhar a paisagem, para consultar os mapas do coração, para apertar um pouco melhor as sandálias, sim. Parar por medo, NUNCA.
Vence em nós os medos. Segura-nos pelo pulso. Não nos deixes enroscarmo-nos.
Jesus de Nazaré, Filho amado do nosso Pai, vai Tu à frente.


publicado por Micaela Madureira às 23:09 | link do post | comentar

Quarta-feira, 4 de Julho de 2012


publicado por Micaela Madureira às 23:02 | link do post | comentar

Mais uma vez, passei o dia a pensar em exercícios à mente e ao coração que gostaria de fazer esta noite.

Tinha pensado numa série de coisas, mas ao regressar do trabalho, enquanto ia até à igreja, para dar graças por uma vida que, faz hoje quatro anos, passou inteiramente para o Pai, percebi que não ia fazer as planeadas, mas, em vez disso, vinha aqui partilhar outra coisa.

 

Já todos sabem que passo uma parte significativa do meu tempo livre dedicada a procurar iniciativas solidárias. Nessa pesquisa, às vezes, sou mesmo "obrigada" a dar graças a Deus.

 

Hoje, não foi excepção.

 

Tenho estado a seguir com interesse o que se passa no grupo do facebook "Todos juntos pela cura do Filipe :D".

 

Se forem lá agora, já não verão um movimento que ocorreu nos últimos dias: gente que foi disponibilizando parte dos seus lucros para ajudar o Filipe Ferreira (um menino que não fala, não vê e não anda e que precisa de muito dinheiro para fazer tratamento, numa tentativa de poder andar e falar). No entanto, ainda encontrarão o apelo a que cada membro do grupo dê um euro e a venda de vários artigos, a reverterem na totalidade para o Filipe Ferreira.

 

Há sapatos, maquiagem, telemóvel, artigos de decoração e de têxtil lar... Produtos doados. 

Sempre que vejo movimentos destes, fico a pensar na importância de cada um fazer aquilo que pode. Nem mais, nem menos. Há gente que não tem jeito para pintar e, portanto, não poderá doar um quadro feito por si. Há gente que não tem dinheiro nem para si e, portanto, não poderá dar um pouquinho, nem fazer compras. Há gente sem tempo, que não pode fazer grandes divulgações.

 

Só que cada um há de poder fazer alguma coisa: juntar tampinhas (também servem para esta causa), fazer bolos e doar uma percentagem, doar produtos que nos "sobram" em casa, fazer do grupo uma "mensagem viral" nas redes sociais, doar um pouquinho, pedir ao vizinho que ajude...

Cada um segundo aquilo que melhor sabe e melhor faz, sem ter de se transformar em quem não é.

 

Acredito em Deus assim: um Deus que nos chama a fazer tudo o que podemos e a não nos martirizarmos pelo que não podemos.

 

Acredito que Deus nos dá tantos mandamentos quantos os dedos das mãos, para que sempre os possamos contar, para que sempre possamos verificar se estamos a fazer tudo o que podemos e apenas aquilo que podemos.

 

Acredito que Deus nos criou para a comunhão e que é assim que nos sentimos bem: a suportarmo-nos uns aos outros, a criarmos frentes de fraternidade.

 

Acredito que não se pode falar de Fé longe do Amor, sem a reduzir a fezada e a crendice.

 

Acredito que, como diz a leitura de hoje, dia da Rainha Santa Isabel de Portugal, mulher conhecida pelo seu amor ao próximo e à Paz, os nossos cultos e oferendas podem ser profundamente desagradáveis a Deus, se não forem feitos pelo e para o Amor.

 

Shalom



publicado por Micaela Madureira às 21:21 | link do post | comentar

Terça-feira, 3 de Julho de 2012

Ontem, não sei bem porquê, saí de casa a pensar que me apetecia reler o relato bíblico em que Moisés diz a Deus que tem a língua pesada.

 

Durante o dia, recebi uma sms de uma irmã muito querida, que tinha resolvido dar-me uma boa notícia: "Somos sempre capazes de mais do que estamos à espera. Basta acreditar."

 

Então, percebendo a "coincidência" (acho que também lhe podemos chamar dedo de Deus), resolvi chegar a casa e abrir mesmo a Bíblia à procura do tal relato.

 

"Moisés disse ao SENHOR: «Mas Senhor, eu não sou um homem dotado para falar; e isto não é de ontem nem de anteontem nem desde que começaste a falar com o teu servo; na verdade, tenho a boca e a língua pesadas.»

O Senhor disse-lhe: «Quem deu ao homem uma boca? Quem torna alguém mudo ou surdo? Quem faz ver bem ou ser cego? Não sou Eu, o SENHOR? E agora, vai, que Eu estarei com a tua boca e te ensinarei o que deverás dizer.»

Ele disse: «Eu te peço, Senhor, envia a mensagem pela mão de outro que queiras enviar.» Acendeu-se então a ira do SENHOR contra Moisés, e disse: «Não existe, porventura, Aarão, teu irmão, o levita? Eu sei que ele fala fluentemente. E ei-lo que sai ao teu encontro! Logo que te vir, alegrar-se-á no seu coração. Falar-lhe-ás e porás as palavras na boca dele. E Eu estarei com a tua boca e com a boca dele, e ensinar-vos-ei o que deveis fazer. Ele falará por ti ao povo: ele será para ti a boca, e tu serás deus para ele." (Ex 4, 10-16)

 

Obrigada, bom Deus, por nos mostrares o quanto é natural, o quanto é humano, darmos-Te luta. Já assim foi com os nossos Pais na Fé.

Obrigada, bom Deus, por nunca quereres saber das nossas súplicas para nos deixares na paz morna dos dias. Obrigada por seres desassossego criador e recriador que constrói connosco e em nós a PAZ.

Obrigada, bom Deus, porque nunca nos pedes nada de inacessível ou de impossível às nossas forças, assim como nunca nos chamas a ser quem não somos (a esse propósito, fica aqui uma "coincidência" do dia de hoje: http://derrotarmontanhas.blogspot.pt/2012/07/acredito-que-ha-em-cada-pessoa-algo-de.html?spref=tw

Obrigada, porque arranjas quem seja para nós suporte, quem nos complete, quem nos leve a ser mais. Todos temos fraquezas, todos temos mil motivos para Te dar para não Te servirmos das tantas formas a que nos chamas, mas tu arranjas pessoas que são autênticos quebradores de desculpas, porque nos quebram as limitações.

Hoje, bom Deus, bem sabes que passei o dia a pensar em escrever-Te este texto, mas, chegada a casa, com as dores de cabeça habituais (agravadas por barulho e trepidação de obras das 9h às 18h), quase me dei isso como desculpa para ficar para amanhã.

Só que Tu, Deus de de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob, Deus de Moisés, Deus de Jesus, Deus de Pedro, Deus de Paulo, meu Deus, continuas com o jeito de sempre: despertas quem nos desperte. Hoje, foi através de duas pessoas muito queridas ao meu coração. Quando disse a uma delas que tinha passado o dia com vontade de fazer um post, mas que agora me faltava garra, disse-me que, às vezes, também lhe acontecia, mas que, no fim, arranjava forças e que eu também ia arranjá-las. Quanto à outra pessoa, fez-me chegar a um patamar mínimo de não preguiça, que incluía escrever este post, porque não podemos ser menos do que estamos chamados a ser.

 

Bom Deus, ajuda-me a, nos próximos dias, fazer todo o arejamento de Fé que me apetece por estes dias. Não me deixes ficar pela epiderme da vida, não me deixes dormir, desperta-me de tantas soneiras a que, às vezes, dou espaço. 

Ajuda-me a fazer memória dos Teus chamamentos a tantos ao longo da História do Teu Povo e de tantos chamamentos ao longo da minha própria história.

 

Sobretudo, bom Deus, faz-me atenta.

 

Amo-te, Bom Deus.



publicado por Micaela Madureira às 22:30 | link do post | comentar

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