Há uns dias, andava à procura de uns papéis e cruzei-me com um texto meu, escrito há muitos anos, sobre o Natal.

Foi escrito para Português, no meu 10.º ano, andava então no 10.º volume. Ora 10.º volume, que é o volume, agora, dos meus meninos. Poucos dias antes, tinha sido encontrada (sim, sinto que foi ele que me procurou e não o contrário) pelo capítulo 3 do Evangelho de João, que, como muito sabem, ainda hoje, é dos meus textos preferidos e aquele que, há muito, está escolhido para leitura no meu funeral.

Lembro-me bem de ter escrito este texto...Foi uma experiência meditada, saboreada...

O tema era "O Natal da Juventude". Mal ouvi o título, tive uma pergunta a fazer: "juventude é uma faixa etária ou um modo de vida?". A resposta foi que eu é que sabia por onde queria levar o texto. Escolhi o que vem abaixo, depois de ter passado as férias todas de Natal a "escrever" e a "reescrever" mentalmente o texto. Sabia mais ou menos o que queria desde o início, mas só o escrevi na véspera de o entregar, porque queria conseguir dizer o que estava a experimentar. Consegui ou não? Não sei bem...

De qualquer forma, hoje, continua a fazer sentido para mim.

Fica aqui, como experiência de quem, este Natal, foi ao Baú da sua Fé, fazer Memória.

"O Natal é sempre da verdadeira juventude, dos que sabem renascer a cada dia, não se acomodam vendo ódio à sua volta, mas procuram o amor. Natal é renascimento, é começar de novo, é deixar para trás o que é cómodo, o conhecido dia-a-dia, sempre igual.

Os jovens, não aqueles que ainda viveram pouco tempo, mas todos os que têm dentro de si inconformismo perante a injustiça, a dor, o ódio e a vingança, sabem que 25 de Dezembro mais não é do que uma convenção, um símbolo de uma realidade de Amor e de Perdão. Este dia poderá ser de viragem, pois, muitas vezes, um sinal tem grande valor, para muitas pessoas, mas a verdadeira juventude é como uma fénix: a qualquer momento pode renascer das cinzas.

O ideal seria que todos fossemos jovens, a começar por aqueles que, vulgarmente, assim são chamados, uma vez que estes têm maior possibilidade de ainda não se terem adaptado ao que conhecem e procurarem a alegria de a todos amar, guardada, por cada novo dia, para todos.

Vamos renascer, uma vez que hoje, como ontem e amanhã, é Natal!"